O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), novamente negou o pedido de soltura de DĂ©bora dos Santos, cabeleireira presa em decorrĂȘncia dos eventos de 8 de janeiro. A decisão foi proferida na sexta-feira, 21, mesmo após DĂ©bora ter enviado uma carta à Corte pedindo desculpas por ter escrito a frase "perdeu, manĂ©" com batom na estĂĄtua da deusa TĂȘmis.
DĂ©bora dos Santos, residente de PaulĂnia, São Paulo, estĂĄ detida desde março de 2023. Durante um ano, ela permaneceu presa sem uma denĂșncia formal da Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR). A acusação só foi oferecida após a Revista Oeste divulgar que a mulher estava presa sem queixa. Posteriormente, a 1ÂȘ Turma do STF tornou DĂ©bora rĂ© no processo. Se condenada, ela pode enfrentar atĂ© 17 anos de prisão.
Apesar de a justificativa para a nova rejeição do pedido de liberdade não ter sido divulgada, em ocasiões anteriores, Moraes alegou a periculosidade social e a gravidade das condutas atribuĂdas à rĂ©, conforme a denĂșncia da PGR.
"Não merece prosperar o pleito pela substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar (...) Na presente hipótese, permanece possĂvel a restrição excepcional da liberdade de ir e vir, ante a periculosidade social e a gravidade das condutas atribuĂdas à rĂ©, conforme denĂșncia oferecida pela PGR". disse Moraes.
Casada com o pintor Nilton Cesar, DĂ©bora Ă© mãe de duas crianças, uma de 6 e outra de 9 anos. Antes de ser presa, ela frequentava a Igreja Adventista do 7° Dia.
No ano anterior, os filhos de DĂ©bora gravaram um vĂdeo apelando à Justiça pela libertação da mãe. Parlamentares como Gustavo Gayer (PL-GO) e Bia Kicis (PL-DF) compartilharam o vĂdeo nas redes sociais.
"Todos vão pagar por isso", disse Gayer.
"Isso Ă© cruel e desumano", constatou Bia, ao mencionar o projeto de lei da anistia.
A manutenção da prisão de DĂ©bora dos Santos levanta questionamentos sobre a proporcionalidade da punição, considerando que ela Ă© mãe de duas crianças e que a acusação formal só foi apresentada após um longo perĂodo de detenção. O caso da cabeleireira DĂ©bora expõe a morosidade e o rigor do STF em relação aos acusados nos eventos de 8 de janeiro, gerando debates sobre a justiça e os direitos individuais em meio à polarização polĂtica que assola o Brasil.
A persistĂȘncia da prisão, mesmo diante do pedido de desculpas e do apelo familiar, intensifica as crĂticas ao ministro Alexandre de Moraes, conhecido por suas decisões firmes em defesa da democracia, mas tambĂ©m alvo de controvĂ©rsias por supostamente exceder os limites de sua atuação judicial.
O caso de DĂ©bora dos Santos segue como um sĂmbolo da tensão entre a busca por responsabilização dos envolvidos nos atos de vandalismo e a garantia dos direitos fundamentais, em um momento em que o paĂs se divide entre diferentes visões sobre o papel do JudiciĂĄrio e a interpretação dos eventos que marcaram o inĂcio de 2023.
*Reportagem produzida com auxĂlio de IA